Em jogo com certa tensão, São Paulo demora a engrenar na partida, mas cresce no momento certo e vai para o mata mata da competição com um time mais cascudo do que entrou no torneio.
Enfim uma quarta feira de libertadores. Os outros dois jogos pareceram ter uma vibe diferente. Primeiro que não estava frio, e segundo que o clima estava diferente do normal. Quem já viveu outras épocas de libertadores vai entender. E outro fator que contribuiu para o ambiente ter sido diferente foram as partidas ruins. O primeiro jogo foi aquele ainda sob o comando de Carpini, contra o Cobresal e o anterior foi o jogo moroso diante do Barcelona. Em ambos eu sai com uma sensação que a libertadores não havia começado ainda. Mas hoje foi diferente. todos os ingredientes estavam lá. Clima, torcida, jogo tenso, cera e briga.
Pode ter sido também por conta do setor que fiquei dessa vez. Se antes eu estava em setor mais tranquilo, hoje fui junto da torcida organizada, e por lá o ambiente é outro. Nem compara inclusive com o camarote do último jogo.
E por falar em torcida, os argentinos do Talleres vieram em peso e pra fazer barulho. Mais um ingrediente para um noite de libertadores.
Dentro do campo o jogo foi quente, mas com o São Paulo errando demais. Eram muitos passes errados na parte principal do campo, o meio. E quem mais errava passes era Bobadilla. O paraguaio estava perdido em campo, assim como Luciano, que parecia não se encontrar no jogo. Inclusive ele teve uma bola para finalizar como todo canhoto gosta e isolou.
O time argentino tinha boa saída de jogo e muita cera também, e foi minando as jogadas do tricolor que não conseguia produzir e seguia perdendo bolas. A torcida sabia que era preciso vencer, e foi se incomodando com cada bola perdida.
E quando todos já se conformavam com a descida para o intervalo empatada, Nestor foi ao fundo e sofreu pênalti. Lucas foi pra bola, o goleiro defendeu, e o estádio murchou. Mas a arbitragem mandou voltar, talvez uma invasão dos jogadores ou do goleiro, daqui não pude ver, só consegui ver Lucas indo para a bola novamente, estufando as redes e o estádio explodindo de alegria. Éramos em mais de 56 mil tricolores vibrando e cantando, como uma quarta-feira de libertadores.
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| 56 mil vozes, agora é "só" fazer ainda mais no mata mata. (foto: arquivo pessoal) |
Para a segunda etapa o tricolor precisaria ser um time copeiro também, e tinha que jogar com responsabilidade, e o que se viu foi um time um pouco diferente. Já que o São Paulo estava a frente do placar, a pressa havia mudado de lado, era o Talleres quem precisava marcar se quisesse continuar na liderança do grupo. Até arriscaram mais, chutaram mais, mas o tricolor soube administrar bem o resultado até ali. O jogo era nervoso, com algumas entradas mais fortes e vários cartões distribuídos, mas pelo lado tricolor Lucas e Nestor, os dois que jogavam abertos não estavam mais demonstrando eficiência. Ambos saíram. Sem Lucas em campo um gol para matar o jogo urgia, mas a cada ataque, não parecia que a pontaria havia sido ajeitada. Como o futebol apresenta coisas que não entendemos (e por isso ele é o que é), Luciano que estava perdido no jogo passou a jogar onde Lucas estava, e foi numa jogada por esse lado, que o camisa 10 acertou um golaço para sacramentar o placar. O gol fez novamente o estádio balançar literalmente e, o frio que fazia as mãos ficarem geladas os 90 minutos foi embora num piscar de olhos. Era só correr para o abraço e comemorar a liderança.
Mas antes do apito final, ainda houve tempo para um tumulto generalizado e com trocas de socos e pontapés. Bem ao estilo "time gringo quando está perdendo". O lance só serviu para o torcedor vibrar ainda mais e cantar mais forte.
Além de garantir o tricolor em primeiro no grupo, o São Paulo termina a fase de grupos sem levar gol diante da sua torcida e viu o clube chegar a 100ª vitória na competição sul-americana.
Nada mal para um time que começou o campeonato com um treinador que não iria chegar onde estamos hoje.
Zubeldía continua sem derrota a frente do tricolor, e coloca o time definitivamente na disputa do torneio, que a partir de agora, terá uma nova forma de ser jogado. Esperamos que os jogadores saibam disso, pois a torcida está bem calejada.
FORA CASARES, BELMONTE e seus aliados
Destaque positivo
ALAN FRANCO. Foi o melhor da defesa tricolor. Ganhando disputas e saindo bem com a bola nos pés; ALISSON. Outra boa partida. Se sacrificou bastante e ainda fez bem a transição com o ataque; LUCAS. Menção por assumir a referência do time. Brigou muito pela bola. Caiu no segundo tempo, mas foi um guerreiro enquanto conseguiu.
Destaque negativo
BOBADILLA. Que partida perdida, minha nossa. Era facilmente driblado por conta disso; JUAN. Só jogou porque Calleri estava voltando de lesão e André está mal.
Rafa Malagodi






