Retrospectiva tricolor 2022

Competitivo. Essa deveria ter sido a palavra para definir o ano tricolor. Deveria, mas isso só acontecerá se você olhar para o "copo meio cheio", e talvez se tiver uma visão mais centrada como um todo. Agora, se for torcedor como eu, e lembrar as emoções que o time causou ao longo do ano, muitos irão dizer que foi mais do mesmo.

Antes da dar início e tentar seguir uma certa cronologia dos principais momentos que enxerguei (ou me recordo), é preciso lembrar que o clube disputou 4 torneios em 2022 e estipulou metas para eles no fim de 2021. Eram metas em partes bem palpáveis. Para o paulistinha era chegar a final. Na copa do Brasil era as quartas de final. Na Sulamericana era também a final, e no campeonato nacional seria o G6.

As maiores repercussão no elenco,
mas Nikão já se foi.

Com os nomes que o clube possuía no elenco, algumas das metas pareciam ser mais distantes, tendo em vista que seus rivais nacionais estavam cada vez mais se estruturando, e sendo assim, dentro dos seus limites o São Paulo foi as compras, e com uma diretoria limitada que temos, era evidente que a maioria dos nomes viriam com um ponto de interrogação do tamanho do clube, mas dentro desses, dois eram tidos como relevantes. Ao menos no cenário nacional. Nikão e Patrick eram os nomes que o São Paulo acreditava que seriam os responsáveis por elevar o futebol da equipe. De certa forma eles eram. Rafinha, lateral já veterano vinha para se juntar ao time. 

Fato é que todos esses citados demoraram a engrenar, e Rogério Ceni se viu numa situação complexa, pois não conseguia escalar os nomes que entendia ser o melhor para o time, e aos poucos, os remanescentes do ano anterior foram sendo escalados. 

Nessa linha, Nikão foi entrar em forma mesmo, quando o campeonato paulista estava em sua reta final. Porém, engana-se que a partir dali ele voou. Pelo contrário, o camisa 10 conviveu com inúmeras lesões e quase não tinha sequência na equipe. E pensar que ele veio para ser o municiador do ataque. Uma das justificativas sobre o jogador, era que ele vinha de alguns anos jogando num time que passava os primeiros 3 meses do ano apenas se preparando, diferente do cenário que se apresentou no São Paulo. 

Isso é até plausível, porém, a camisa (e o número 10) pode ter pesado para o jogador. Que antes do fim do ano, e enquanto eu escrevia essa retrospectiva, já saiu do clube por empréstimo.

No primeiro jogo, euforia, 
surpresa e desconfiança.

Em meio a desconfiança, o time foi se acertando no estadual e chegou a fazer partidas boas, demonstrando muita vontade quando a bola não era suficiente. A semi final diante do SCCP foi uma delas. Chegar a final do paulistinha era uma das metas sendo cumpridas, restava saber se ela seria coroada com o bi campeonato. Do outro da decisão o principal time do Brasil (Palmeiras) e que confirmaria tal reconhecimento ao longo do ano. Mas em dois jogos poderia acontecer de tudo, inclusive os jogos que aconteceram. 

Na primeira partida, quase ninguém acreditava, mas o que se viu foi um massacre do tricolor, que dominou o Palmeiras e chegou a fazer 3 a 0. Certamente qualquer torcedor aquela altura acreditava fielmente no bi campeonato. Mas há 5 minutos do fim, o gol alvi-verde colocou uma pulga na orelha do São Paulo e na sua torcida. Será que aquele São Paulo, com aquela atuação seria capaz de perder sua vantagem na volta?

Jandrei e a cera que virou piada.
Goleados e zuados.

Bom, assim como ninguém acreditou na maneira como o tricolor jogou os primeiros 90', quase ninguém acreditava ao ver o São Paulo se diluir a cada minuto que passava no jogo final. Foram 4 a 0 com resquícios de crueldade. A partida foi muito questionado por qualquer um que parou na frente da TV para acompanhá-la, e durante um bom tempo, era motivo de zoação. Inclusive um lance ficou caracterizado e virou meme, quando com menos de um minuto de jogo, o goleiro Jandrei ficou fazendo cera com a bola. 1 minuto de jogo... 

Dias depois da fatídica final o São Paulo já iniciava mais duas competições. Sulamericana e Brasileiro. A copa do Brasil já havia começado, e os resultados ficaram diluídos em meio a boa fase do time no estadual, mas engane-se quem acha que o time começou bem o inédito torneio para os tricolores. Um empate contra um time de 3ª divisão fez com que nos classificássemos devido ao regulamento. Depois uma vitória sem muito tempero na fase seguinte. 

Pois bem, finalizado o estadual, o São Paulo teria três competições em disputa, mas logo na estreia da copa Sulamericana uma mensagem era passada, pois o time que foi a campo era misto, sendo assim, o foco provavelmente seria nos torneios nacionais. Ao menos foi assim que passamos a entender quando o time titular (à época) era sempre escalado. Mas com esse elenco dificilmente seria possível se manter nas três. A limitação técnica diante dos rivais começaram a ficar evidentes, e para piorar as bandas tricolores, a quantidade de lesionados passou a deixar o São Paulo por semanas usando jogadores improvisados e/ou muito questionáveis. O departamento médico do clube passou a ser questionado com frequência, e nomes como Dr. Turíbio Leite de Barros deixaram de trabalhar no clube, alegando que o departamento de fisioterapia era precário e obsoleto.

O que antes era referência, passou
 passou a ser defazado.

As contratações mais impactantes do clube conviviam com frequentes lesões e também com inúmeras críticas por suas oscilações nas partidas.

Um ponto bastante questionado no time respingava muito no treinador, pois a instabilidade que a equipe apresentava durante as partidas era motivo de muitas reclamações pesadas no clube. O São Paulo fazia primeiros tempos excelentes, mas no segundo, das mesmas partidas, era uma aflição de tão bizarra. Alguns jogos inclusive ficarão marcados para sempre no torcedor, como a partida em que o time poderia ter quebrado o tabu de vencer em Itaquera, mas deixou escorrer a vitória por conta das postura do time e das modificações do treinador. Cássio aquele dia fez 5 defesas somente na 1ª etapa. Mas no segundo tempo...

Isso passou a ser críticas recorrentes no dia a dia tricolor, e Rogério por sua vez se defendia dizendo que

no atual São Paulo, pouco se podia fazer com aquilo que era oferecido. Era uma clara menção ao elenco limitado e o pouco recurso que o time possuía. O treinador ainda sim conseguiu seus méritos quando boa parte dos gols feitos pelo tricolor, eram de criação de jogadas, em muitas vezes muito bem elaboradas. Até mesmo o sistema de 3 zagueiros foi reativado no período, e apesar de algumas críticas, boas atuações aconteceram nesse sistema.

Eliminação do rival.
Uma das poucas alegrias no ano.

Mas os resultados não eram satisfatórios, ainda assim, o São Paulo foi se segurando nas 3 competições. A sulamericana que começara com times e reservas na primeira fase, passou a ser jogada com seriedade nas fases seguintes. Assim como os mata matas da copa do Brasil. E por falar na copa nacional, a grande glória para o torcedores tricolores foi eliminar seu rival Palmeiras em pleno Allianz Parque. Era o troco da final do estadual com requintes de crueldade. 

Na medida em que os mata matas iam chegando, mais o time do brasileiro era deixado de lado. E com muitos empates e algumas derrotas na competição, a assombração do Z4 voltava a pairar pelo morumbi. As partidas do nacional não poderiam ser esquecidas assim, pois seria mais um ano com risco, e desta vez o time ainda tinham outras competições envolvidas que tiravam o foco do time.

Gol tricolor sofre desde à aposentadoria
do hoje treinador Rogério.

Em meio aos jogos desastrosos do brasileiro, decisões nas copas. Na copa do Brasil eliminamos o Palmeiras, América/MG e paramos no Flamengo, sendo derrotado inclusive num jogo em que o tricolor foi superior, e levou apenas 3 finalizações e sofreu 3 gols. Jandrei o goleiro foi responsável direto por 2 deles. Goleiro inclusive foi o calcanhar de aquiles do time, que teve Jandrei revezando com Tiago Volpi, e terminando na reserva de Felipe Alves, que chegou as pressas para tampar buraco, mas que na real não passava de outro goleiro com limitações. 

Sufoco e mais sufoco.

Pela sulamericana os titulares assumiram o protagonismo de uma vez. Porém, o futebol apresentado não deixava torcedor sequer confortável com o que via. Pela frente dois brasileiros, Ceará e Atlético/GO, nas quartas e semi finais, respectivamente. Adversários tranquilos, certo? Errado! Ambos só foram vencidos nas penalidades. O São Paulo se garantia na final única do torneio em que poderia ser bi campeão suando sangue.

As piores contratações
dos últimos anos.

Aqui nessa hora vale o registro. O São Paulo passou o ano sofrendo com conversas e situações que tumultuaram muito os bastidores. Rogério inclusive, pelo seu tamanho e posicionamento, por vezes nas coletivas precisava dar detalhes de situações ruisn que aconteciam com o clube, que só tinha sua dívida aumentando a cada mês que passava. A diretoria não se manifestava, pois sabia que aquilo que era dito era tudo realidade. Sem falar nas contratações desastrosas (novamente) que aconteceram. 

Os tais reforços do time deixavam claro a cada partida que não tinham sequer condição de vestir uma camisa tão pesada. Nomes como Andrés Colorado, André Anderson, Marcos Guilherme, Nahuel Bustos, Nikão, Alisson, Galoppo (a contratação mais cara e obscura do clube) não demonstravam a que vieram e constantemente eram criticados pelo baixo futebol. Desses citados, os 5 primeiros nem fazem mais parte do clube atualmente, isso porque o ano nem acabou ainda...

O pior de todos os tempos.

E por falar em diretoria, Júlio Casares e sua trupi passou o ano pensando em dar um golpe no estatuto do clube. Em meio aos momentos decisivos do clube, votações para se alterar o estatuto e permanecer por mais tempo no cargo de presidente era votado "as escondidas", e o tal golpe foi então aplicado. 

Enfim, depois da eliminação da copa do Brasil, e os avanços na sulamericana, chegou o então 01 de outubro, data da final da competição sulamericana, que poderia recolocar o São Paulo na libertadores, dar o 13º título internacional e tirar 10 anos de fila sem títulos. A quantidade de torcedores que se locomoveram para Córdoba (ARG) na expectativa de ver o título foi enorme. Mas o São Paulo, como em todo ano, tem um vexame para chamar de seu, e aquele time que foi a campo naquele sábado fez a vez.

A grande decepção do ano.

Uma partida para esquecer (apesar do torcedor lembrar dela todo instante. Isso é, quem conseguiu assistir, pois o jogo foi transmitido apenas para quem tinha TV a cabo, ou seja, poucas pessoas acompanharam). O placar de 2 a 0 para os equatorianos do Independiente Del Valle foi mais do que merecido. O São Paulo não conseguiu se impor em momento algum, e até mesmo o seu principal jogador Calleri, foi responsável por perder gols que tiraram a chance do time ao menos marcar um tento se quer.

Se você assistiu a final da copa do Mundo do Catar 2022, e lembra como foi o 1º tempo horroroso jogado pela França, mas não acompanhou a final da Sulamericana, você vai entender como foi a partida do São Paulo nos 90 minutos. 

Fim da linha para um novo título na galeria tricolor.

Sem o título e ainda correndo sérios riscos no brasileiro, o mês de outubro seria decisivo para o clube, e as partidas faltantes era um misto de esperança por parte de alguns torcedores, que ainda sonhavam em chegar a libertadores via brasileiro, com alguns torcedores, na qual me incluo, que não queria ver esse São Paulo disputando a competição. Com alguns jogos de certa forma tranquilos, o São Paulo enfim conseguiu se afastar do Z4 de vez, e terminou o campeonato em 9º lugar, a um ponto atrás da zona de classificação, para minha alegria.

Na minha visão, o tricolor (infelizmente) precisa se recolocar no futebol nacional, se reestruturar, reconstruir o clube, para depois sonhar coisas mais complexas, como é a libertadores da América. Lembra que eu comentei do golpe realizado por Casares? Então, enquanto tivermos pessoas assim no comando do clube, o São Paulo não poderá almejar ser campeão ou se classificar para as competições mais importantes. Temos é que torcer sempre para não acontecer o pior com o clube (e todos sabem o que seria).

Como sempre, a única
coisa boa do clube.

Para o próximo ano, novas metas foram traçadas, e se assemelham muito com as metas de 2022. Mas pelas movimentações e nomes que já foram contratados para 2023, mais aqueles que estão de saída (nem todos eu concordo), eu diria que daqui um ano, na nova retrospectiva tricolor, muitas coisas que forma ditas aqui serão repetidas, infelizmente.

É por isso que afirmo, as metas foram 75% concluídas com sucesso, mas como somos um time de futebol, que envolve paixão, sentimento, emoção, e não somos uma empresa de investimentos, de nada adiantou ter concluído algumas metas, se mais da metade dos seus ativos (torcedores) estão insatisfeitos. Torcida inclusive, que bateu o recorde esse ano de lotações seguidas com mais de 30 mil por jogo. Meta cumprida com êxito é títulos, e isso o tricolor está em déficit há muitos anos.

ETERNO

Uma menção importante aqui ao nosso Rei. Enquanto eu redigia aqui a retrospectiva, Pelé que já estava muito doente se foi! O maior de todos! O melhor de todos! Salve o Rei! Pelé Eterno!!!

FORA CASARES GOLPISTA

Rafa Malagodi